domingo, 23 de novembro de 2014

Sigilo de empresas é quebrado para rastrear dinheiro da Petrobras

Quatro empresas de fachada, controladas pelo doleiro Alberto Youssef, tiveram o sigilo bancário quebrado pela Justiça Federal. Conforme a decisão do juiz Sérgio Moro, o objetivo é rastrear o dinheiro que pode ter sido desviado da Petrobras por empreiteiras. A situação tem sido investigada pela Polícia Federal (PF), na Operação Lava Jato, que prendeu 23 pessoas no dia 14 deste mês.
As empresas de Youssef que terão as contas abertas são a GFD Investimentos, a Empreiteira Rigidez, a RCI Software e a MO Consultoria. Conforme o juiz, “há provas de que as empreiteiras, em cartel, frustaram licitações da Petrobras, maniuplaram o preço dos contratos, lavaram o produto do crime por intermédio de Alberto Youssef, e pagaram vantagem indevida a agentes públicos, como Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras”.
Do total de presos, 13 ainda continuam detidos na Superintendência da PF, em Curitiba. A maioria deles é de executivos de grandes construtoras do país. Também estão sob custódia dos policiais federais o lobista Fernando Baiano e o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque.
O grupo é suspeito de formação de cartel para definir preços e superfaturar obras realizadas para a Petrobras. O esquema, conforme as investigações, foi operado pelo doleiro Alberto Youssef, preso desde março deste ano, na primeira fase da Lava Jato. Youssef e Paulo Roberto Costa, decidiram colaborar com a Justiça, com acordos de delação premiada, nos quais eles devem conseguir reduções nas eventuais penas a que estão sujeitos.
Os dois contaram à Justiça que o esquema de desvio de dinheiro servia para abastecer o caixa de, pelo menos, três partidos políticos: PT, PMDB e PP. Com a quebra do sigilo bancário, o juiz Sérgio Moro tentará identificar quais empresas usaram as contas de Youssef para lavar o dinheiro obtido ilegalmente com o esquema.
Lava Jato
A Operação Lava Jato investiga um esquema de lavagem de dinheiro que teria movimentado cerca de R$ 10 bilhões e provocou desvio de recursos da Petrobras, segundo investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. A nova fase da operação policial teve como foco executivos e funcionários de nove grandes empreiteiras que mantêm contratos com a Petrobras que somam R$ 59 bilhões.
Parte desses contratos está sob investigação da Receita Federal, do MPF e da Polícia Federal. Ao todo, 24 pessoas foram presas pela PF durante esta etapa da operação. Porém, ao expirar o prazo da prisão temporária (de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco), na última terça (18), 11 suspeitos foram liberados. Outras 13 pessoas, entre as quais o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, continuam na cadeia.
Segundo a PF, os envolvidos responderão, de acordo com suas participações no esquema, pelos crimes de organização criminosa, formação de cartel, corrupção, fraude à Lei de Licitações e lavagem de dinheiro.
(G1)

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