quarta-feira, 10 de maio de 2017

Lula diz a Moro que nunca teve intenção de adquirir triplex



Em depoimento ao juiz Sérgio Moro nesta quarta-feira (10), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou ter ocultado ser dono do triplex no Guarujá, no litoral de São Paulo. O Ministério Público Federal (MPF) o acusa de ter recebido o imóvel como parte de propina da OAS, que tinha contratos com a Petrobras. "Nunca tive a intenção de adquirir o triplex", disse o petista. Em outro momento do interrogatório, ele reafirmou: "Eu não solicitei, não recebi, não paguei nenhum triplex. Não tenho".
Lula também negou ter orientado o ex-presidente da OAS Leo Pinheiro a destruir as provas de registros documentais de supostos pagamentos de propina ao PT. "Isso nunca aconteceu e nunca vai acontecer."
Lula confirmou que visitou o imóvel, porque a OAS pretendia vendê-lo para sua família. Mas disse que não orientou nenhuma reforma no imóvel. "Eu não orientei... O que eu sei que, no dia que eu fui, houve muitos defeitos mostrados no prédio, defeitos de escada, defeitos de cozinha." O ex-presidente questinou as investigações. "Ele [Ministério Público] deve ter pelo menos algum documento que prova o direito jurídico de propriedade para poder dizer que é meu o apartamento."
O juiz questionou o ex-presidente sobre um documento de adesão de uma unidade duplex no edifício em Guarujá que depois acabou se transformando em triplex. De acordo com Moro, o documento foi apreendido na casa do ex-presidente e não está assinado.
“Então não estar assinado, doutor... Talvez quem acusa saiba como foi parar lá. Eu não sei como está um documento lá em casa, sem adesão de 2004, quando a minha mulher comprou o apartamento [da Bancoop] em 2005.”
Quase 5 horas de depoimento
O interrogatório começou às 14h18 e terminou por volta das 19h10. O petista foi ouvido como réu pela primeira vez nesse processo.
Com o depoimento, o processo chega à sua reta final. A partir de agora, o MPF e as defesas poderão pedir as últimas diligências. Caso isso não ocorra, o juiz determinará os prazos para que as partes apresentem as alegações finais. Em seguida, os autos voltam para Moro, que vai definir a sentença, podendo condenar ou absolver os réus. Não há prazo para que a sentença seja publicada.
Lula desembarcou no aeroporto Afonso Pena, em Curitiba, por volta das 10h, em um avião particular que partiu de São Paulo. Em seguida, ele foi para um escritório de advocacia, no bairro Boa Vista. De lá, saiu em direção à sede da Justiça Federal, onde chegou às 13h45 – 15 minutos antes do horário previsto para o início da audiência. Ele deixou o prédio logo após o interrogatório.
Veja os principais pontos do depoimento
Lula negou ser dono do triplex. Disse que nunca recebeu imóvel da OAS e que não tinha intenção de comprá-lo.
Confirmou que visitou o imóvel em fevereiro de 2014, porque a OAS pretendia vendê-lo para sua família. Mas disse que não orientou nenhuma reforma no imóvel. Lula afirmou que a sua mulher, Marisa Letícia, o acompanhou.
Disse que Marisa e seu filho estiveram no imóvel em agosto de 2014. Segundo ele, a mulher não gostava de praia, mas queria investir no imóvel.
O ex-presidente criticou a denúncia do MPF: "O contexto está baseado no Power Point mais mal feito, mentiroso, da Operação Lava Jato".
Lula negou ter orientado o ex-presidente da OAS Leo Pinheiro a destruir as provas de registros documentais de supostos pagamentos de propina ao PT.
Disse que não é contra o combate à corrupção e que, quando foi presidente, aprimorou a lei de delação premiada.
Moro fez questões sobre o mensalão, mas Lula disse que falaria apenas sobre o processo do triplex.
Lula também evitou responder questões sobre o sítio em Atibaia.
O ex-presidente falou sobre nomeações políticas em estatais. Segundo ele, "não se governa sem aliança política".
(g1.globo.com.br)

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